Melhoria da cultura de segurança: tempo e esforço necessário
Como provocar a melhoria da cultura de segurança? Qual o tempo e esforço necessário?
A evolução da cultura de segurança é totalmente possível. Nesse artigo abordaremos esse assunto.
Tolice é fazer sempre do mesmo modo e esperar resultados diferentes! Essa é uma frase conhecida e que leva a inúmeras reflexões importantes.
Há muitas empresas que querem ter uma cultura organizacional e de segurança madura, mas que não querem pagar o preço da mudança. Há disconforto na mudança! Então o primeiro ponto que podemos observar é que a mudança é uma escolha.
A MELHORIA É UMA ESCOLHA CONSCIENTE
A melhoria da cultura de segurança não ocorre por acaso, é uma escolha. Na empresa essa escolha passa por receber o apoio da liderança e o envolvimento dos trabalhadores.
Melhorar é possível, mas não é rápido e nem indolor.
Leitura sugerida: Comece a melhorar a cultura de segurança agora com essa dica!
Qual é normalmente o gatilho para disparar a mudança, o que provoca a mudança?
QUAIS MAIORES FATORES SERVEM DE GATILHO PARA A MUDANÇA?
A decisão de mudar normalmente não é automática, ela é provocada por:
Líder da alta liderança recém-contratado: quando a organização contrata um líder que vem de outra empresa que tinha uma cultura sólida, é comum que ele tente implementá-la também na nova empresa.
Acidente grave: quando acontece um acidente grave é comum querer melhorar. Infelizmente se a empresa ainda possuir uma cultura em nível patológico ou reativo, esse desejo de mudar normalmente dura menos de um mês! Assim nada muda de fato, e a empresa estará suscetível a outros acidentes de mesmo nível num futuro próximo.
Exigência externa por parceiro de negócio: “se sua empresa continuar com esse padrão (muitos acidentes, baixa qualidade, mão de obra maltratada) teremos que deixar de fazer negócios”. Normalmente essa exigência parte de um parceiro de negócios.
Setor de segurança que tem poder argumentativo: quando o setor de segurança (SESMT) possui poder argumentativo, ou seja, com dados e fatos, é comum que ele consiga apresentar o resultado positivo que a organização terá com a mudança. E assim, ele consegue convencer a liderança e conseguir aliados para patrocinar (financeiramente, emocionalmente e tecnicamente) a mudança.
Exigência governamental: “o Ministério Público nos entregou um TAC por causa de uma denúncia, por isso entramos em contato com a sua consultoria”. Normalmente é uma empresa que tem pressa na mudança para evitar problemas com a autoridade.
Infelizmente como o desejo de mudar não é próprio e sim externo, o processo de mudança tende ser difícil, e quando a autoridade afrouxa a cobrança com o tempo, é comum que o projeto seja abandonado ou enfraquecido.
QUAL É O TEMPO NECESSÁRIO PARA UMA MUDANÇA DURADOURA?
O Benedito Cardella no livro Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes traz uma reflexão muito interessante sobre isso, veja:
“Nem toda intervenção para controle do risco tem efeitos imediatos. Ao contrário, a maioria tem tempo de reação elevado, podendo requerer anos em alguns casos como crenças e valores. Por isso as alterações almejadas requerem planos de ação de longo prazo, denominados programas. Podemos criar um programa para cada área de ação.”
Curiosamente, a citação acima tem tudo haver com mudança de cultura organizacional e de segurança, afinal, ela:
- cita a dificuldade de resultados imediatos e também a mudança de crenças e valore
- Traz as palavrinhas chave citadas por Ciavarelli & Figlock (1996), “A cultura de segurança é definida como valores, crenças, suposições e normas compartilhadas que podem governar a tomada de decisões organizacionais, bem como atitudes individuais e de grupo sobre segurança”.
Ok Nestor, mas quanto tempo é necessário para mudar a cultura de segurança?
O tempo varia de projeto para projeto e também do envolvimento organizacional com a mudança. Para falar sobre prazos e mudanças, vamos convencionar aqui que estamos falando de mudança de cultura em níveis, como o Hearts and Minds (Corações e Mentes).
Quando a organização e a liderança não estão completamente envolvidas no processo de mudança, a mudança tende a demorar mais para acontecer. Pode demorar entre 2 a 5 anos para ir de um nível a outro.
Quando a organização e liderança verdadeiramente se envolvem no processo, é possível ir subir de nível no prazo médio de um ano!
ONDE DEVE SER FOCADA A ENERGIA E ESFORÇO PARA MUDAR?
O esforço necessário depende da mudança que se pretende fazer, ou seja, da cultura desejada, a cultura de segurança que queremos.
Para a melhoria cultural ser bem sucedida ela pode focar em vários itens, normalmente começamos focando em no máximo 5 itens por vez. O primeiro passo para a melhoria é decidir o que precisa ser melhorado, e nosso o Diagnóstico de Cultura de Segurança pode ajudar muito. Alguns itens que normalmente entrar na pauta para a melhoria:
– Regras de segurança: como são criadas, comunicadas, mantidas, alteradas e quem está submetido a elas.
– Liderança em segurança: como os líderes demonstram cuidado com as pessoas. Como se envolvem na agenda de segurança. Qual a agenda de segurança deles.
– Comunicação em segurança: como a segurança é comunicada (canais), quem fala sobre ela, com qual frequência isso acontece.
– Engajamento em segurança: como as pessoas se envolvem com a segurança. Qual é a segurança que as pessoas praticam, veem e sentem.
– Como o comportamento seguro é reconhecido ou recompensado: a organização foca apenas em quem erra, faz errado ou escorrega? E como ela espera então que as pessoas consigam motivação para melhorar?
– Qual o papel do departamento de SST: como é a atuação do time de segurança? Ele atua de forma policialesca, de forma a tornar um ambiente onde a segurança é repelente? Ou ajuda a criar um ambiente de confiança, que favorece o relato de eventos e a participação das pessoas na agenda de segurança? Qual a influencia que ele exerce na organização?
– No planejamento e execução do trabalho, como ó risco é gerenciado: revisar as ferramentas e procedimentos de segurança que a organização possui.
– Como a organização aprende com os acidentes, incidentes e quase acidentes: infelizmente na maioria das empresas os eventos negativos não geram aprendizados! Isso começa por uma investigação e análise pobre, sem aprofundamento, com viés de julgar, culpar ou punir a vítima. Isso leva a organização a não aprender e melhorar com os tais eventos.
Rever como a organização aprende com os eventos negativos, é fundamental para mostrar a organização como utilizar os eventos negativos como molas propulsoras para a melhoria do sistema.
– Comitê de Segurança: o setor de segurança sozinho normalmente possui pouca força para fazer as mudanças necessárias. Por isso a criação de comitês com pessoas também de fora do setor de segurança, e com pessoas da liderança, tem sido uma ferramenta importante para o processo de mudança.
Isso cria um ambiente de união em torno da pauta de segurança, e também coloca pessoas chave para tocar o processo de mudança. Normalmente o comitê é assessorado pela consultoria que fez o diagnóstico e está ajudando no processo da melhoria.
Há vários outros elementos que também poderíamos inserir aqui nesse item. Mas acredito que revisando apenas esses já seria possível a melhoria da cultura de segurança em algum nível.
Entender as vulnerabilidades da organização é fundamental para dosar de maneira inteligente a energia gasta na mudança.
E então, pronto para levar sua empresa ao próximo nível? Que tal dar primeiro passo hoje mesmo? Caso queira, entre em contato conosco 😃.
Programa Liderança Eficaz em Segurança.
Programa de Comportamento Seguro.
Diagnóstico de Cultura de Segurança.