Segurança Diferente: Exemplos de como utilizar na prática
Como aplicar a segurança diferente (Safety Differently) na prática? Ou será que não como praticá-la? Veja nesse artigo alguns exemplos totalmente aplicáveis.
Aqui no site temos explorado com frequência a questão de facilitar a conversa sobre o que as organizações e trabalhadores devem aprender e aplicar em segurança.
A ideia é aprender a desenvolver formas de aplicar a segurança de forma prática em seu contexto.
3 Questões interessantes que temos abordado aqui nesse site:
- O trabalho é o motor do desempenho de segurança, e não o contrário: como sempre diz o meu amigo Cosmo Palasio, “se a segurança inviabiliza o trabalho alguma coisa está errada”.
- As pessoas são a solução a ser aproveitada, não um problema a ser controlado: são as pessoas que entendem o sistema e fazem adaptações e correções para que ele funcione mesmo nas condições mais adversas de tempo, pressão e condições.
- A segurança tem a ver com resultados positivos e não com a ausência de resultados negativos: e por isso nem sempre as análises de acidente proporcionam segurança.
A segurança deve ser encarada como uma responsabilidade compartilhada e não como uma atividade burocrática.
Para muitas organizações, a tentativa de garantir a conformidade gera uma consequência não intencional e indesejada, causando uma burocracia sufocante e que custa caro. No livro Paper Safe, o autor, Gregory Smith diz o seguinte:
Eu acredito fortemente que menos burocracia e mais clareza nos processos beneficia a saúde e segurança. Isso ajuda porque leva a um melhor entendimento de saúde e segurança, do que esperar dela e do que fazer com ela, leva as pessoas a entenderem e gerenciar melhor os riscos do negócio.
Então, o que as organizações podem fazer para combater essa crescente burocracia na segurança do trabalho?
Um caminho a seguir é abraçar através da lente de Segurança Diferente a prática da segurança como uma responsabilidade compartilhada. E claro que esse tipo de visão deve ser vendido e adotado de cima para baixo na organização.
ENTÃO, COMO A SEGURANÇA DIFERENTE SERIA APLICADA NA PRÁTICA?
- Os líderes se concentram em entender o trabalho normal: entendem as coisas que ajudam e atrapalham o trabalho, e trabalham de forma proativa para preparar as pessoas para um trabalho bem-sucedido.
Isso é possível concentrando os esforços não em aprender somente com eventos adversos como incidentes e acidentes, mas aprender com o trabalho como é feito.
Aprenda com o sucesso e fortaleça o sucesso, assim o erro e as falhas se enfraquecerão!
- Os líderes adotam a prática da prestação de contas voltada para o futuro: na qual se responsabilizam por estabelecer as condições para um trabalho bem-sucedido.
Muitas vezes nos pegamos pensando que “há tanta coisa para fazer e melhorar que é até difícil entender porque tão pouco é feito”. A verdade é que muitos líderes também não sabem o que fazer para ajudar o setor de segurança, e assim, fortalecer a cultura de segurança.
Normalmente o setor de segurança acredita que o líder já saber o que fazer, quando na verdade o líder nem sabe como se comportar perante a matéria SST!
É fundamental que a liderança seja orientada no que fazer, e ajudada a melhorar caso encontre alguma dificuldade nas práticas seguras.
- As pessoas são convidadas a serem colaboradoras e decisoras: onde a confiança é valorizada e exercida.
A segurança do trabalho não precisa ser chata, burocrática, não precisa ser o “para tudo”! Somos tão chatos que sequer respeitamos as análises de risco feitas por pessoas que não sejam feitas por nós mesmos, ou seja, emitida pelo setor de segurança.
Das duas vezes em que publiquei em nosso Instagram fotos dos meus jogos de futebol, alguns prevencionistas vieram me criticar porque eu não estava utilizando caneleira. Mas vamos pensar um pouco?
Quem será o maior interessado em que eu não me machuque? Eu mesmo! Toda vez em que uma pessoa for chutar uma bola tem que estar de caneleira? Não mesmo! Será que uma pessoa, com 12 anos de trabalho na área de SST, e com quarenta e um anos de idade não sabe nem fazer uma análise de quando deve utilizar a caneleira? Essa eu deixo para você responder…
E o mais importante, o jogo é de master! Só tem pai de família e todos com mais de 35 anos de idade. E a regra básica que todos são obrigados a cumprir é “nunca machuque o colega”. Mas o fato é que a galera de SST sempre “acha” que sabe mais do que quem está no contexto da tarefa!
É um poder de julgamento tão fantástico que julgamos até foto e vídeos das tarefas e trabalhos feitos por outras pessoas. É o que vemos nos grupos de WhatsApp, LinkedIn e outros, profissionais da área de SST julgando o trabalho dos outros por fotos e vídeos, mesmo sem ter noção do contexto em que as coisas acontecem no campo de trabalho real! Emitindo opiniões sobre o trabalho de quem nem está lá para se explicar…
Quando os profissionais de segurança (SESMT) acreditam que somente eles veem os riscos, e que somente eles podem falar de segurança, acabam infantilizando os demais trabalhadores e a liderança. É onde o SESMT atrapalha a segurança do trabalho.
Acabam fazendo com que os outros setores fiquem dependentes do SESMT para liberar trabalho, criar regras, procedimentos, check lists, ministrar treinamentos, DDS e outros. E depois de criarem a dependência, ainda reclamam que carregam o fardo da segurança do trabalho sozinhos. 😟
- A autonomia é bem-vinda e incentivada: a autonomia leva a uma maior responsabilização e apropriação das decisões tomadas, e dos resultados que se seguem.
Você prefere a segurança pela obediência (controle e punição) ou pela consciência (orientação, responsabilidade compartilhada)? Há profissionais de segurança e RH que preferem a primeira opção, mas o que poucos sabem é que ela custa mais caro, porque requer supervisão, e que ela também não proporciona segurança psicológica.
A segurança só funciona bem em ambientes onde a responsabilidade é compartilhada. É por isso que algumas empresas estão diminuindo as regras de SST, e por isso algumas cidades estão jogando fora a sinalização de trânsito!
As pessoas precisam se sentir donas da sua própria segurança. E para isso o profissional de segurança deve abrir mão de ser o especialista solitário da segurança do trabalho. E precisa transferir a propriedade da segurança para as pessoas. Ajudar para que elas sejam protagonistas. Precisa ser alguém que soma e não que subtrai!
Espero que tenha gostado de entender mais sobre a segurança diferente, e se quiser nossa ajuda para desenvolver essa e outras práticas de segurança na sua empresa entre em contato.
Segurança Diferente (Safety Differently): O que é? O que tem de novo?
Programa de Comportamento Seguro.
Avaliação de maturidade da cultura de segurança.
Programa Liderança Eficaz em Segurança.