Sem tempo para caminhar, sem tempo para conversar…
Meu amigo prevencionista, será que você também se encontra sem tempo para caminhar, sem tempo para conversar? Quais as implicações disso no resultado da sua gestão?
O PAPEL PELO PAPEL
Tenho a oportunidade de conversar com pessoas da área sobre seu trabalho em segurança. Muitos me escrevem sobre o que eles devem fazer por suas organizações em comparação com o que eles acham que deveriam fazer.
A maioria de nós é apanhada em excesso de papelada, reuniões desnecessárias e administração de assuntos que nem deveriam estar em nossa mão… Muitos gostariam de poder simplesmente fazer o trabalho, ouvir as pessoas e ajudar os outros na maneira como lidam com os riscos, mas muitos de nós nem sabemos como começar.
Infelizmente, não é no campo, na operação que as organizações colocam seu interesse quando se trata de segurança, ou do trabalho de pessoal de segurança. A mitologia dos sistemas de papel é onipresente. Empresas ainda acreditam que papel as “livra de responsabilidade em caso de acidente”. Curiosamente, o Código Civil vai em direção oposta!
O Código Civil deixa bem claro que “aquele que causar dano a outrem, por ação, omissão, negligência… fica obrigado a reparar”. Porque ficar confiando em papel, ao invés de ir para a operação ver o que acontece no dia a dia e intervir em caso de necessidade?
Segurança do trabalho não é sobre legislação, sobre papel ou sobre obrigação, segurança é sobre pessoas, e pessoas são emoção!
O TRABALHO EM SEGURANÇA BASEADO EM LISTAS E MODELOS
Esses dias eu estava conversando com um colega da área de segurança que trabalha em uma fábrica há 15 anos, e que só foi à operação uma vez… Das as minhas conversas com pessoas da área de segurança, isso parece ser a norma.
Aparentemente para alguns, a melhor segurança no local é alcançada sentando-se na frente de uma tela de computador ou de um ipad do que no campo. Não é à toa que empresas de software de segurança se tornaram muito lucrativas com listas de verificação e aplicativos de lista de verificação. O sucesso do “auditor virtual” acaba dizendo muito sobre a ineficácia da segurança nas nossas empresas.
O preenchimento de checklists não é necessariamente uma demonstração de segurança. A atividade popular de downloads de modelos demonstra as inseguranças de uma indústria iludida. Iludida em pensar que o propósito da segurança é a conclusão da papelada.
MUITO PAPEL SERIA POR FALTA DE CONFIANÇA?
Talvez, uma das razões pelas quais o setor de segurança está tão ligado a modelos e papelada, é porque o currículo de segurança ensina as pessoas a não terem confiança em sua própria capacidade de entender a segurança. Imagine sair no local sem lista de verificação, sem auditoria e sem “aplicativo iAuditor” – apenas ouvindo as pessoas, construindo relacionamentos e entendendo o que motiva as pessoas. Por que essa parece ser uma ideia revolucionária?
O currículo de segurança e a mitologia de segurança dominante doutrinaram as pessoas de segurança a não confiarem em si mesmas ou em suas próprias habilidades. Será que o melhor a fazer é baixar modelos desenhados por outra pessoa, que supostamente é especialista em legislação?
Quando você baixa o método de risco de outra pessoa, de alguma forma também está se comprometendo com a metodologia do autor. Infelizmente, na maioria das vezes, esses modelos são projetados por engenheiros ou técnicos que não têm conhecimento do julgamento humano e da tomada de decisões. Muitos desses formulários e listas de verificação são focados em objetos NÃO em assuntos. E, no entanto, se algo der errado, muito pouco disso será de alguma ajuda.
É POSSÍVEL DIMINUIR OCORRÊNCIAS COM MAIS PRESENÇA NA OPERAÇÃO
Sempre que falamos sobre coisas que os profissionais podem fazer em campo, além de somente gerar papel as pessoas ficam maravilhadas! O engajamento em segurança do trabalho não necessita de papel, não depende de lista de verificações.
Já ouviu falar da regra 70/30? Ou seja, 70% do tempo na operação e 30% no trabalho burocrático? Que tal tentar modular sem tempo de atuação por ela?
Talvez você já tenha ouvido a frase “o olho do dono é que engorda o boi”. Se você quer ser um bom profissional de segurança, o principal responsável pela segurança, deve ter tempo para olhar muito o seu boi. Nunca vi uma empresa madura em segurança com pouca presença dos profissionais de segurança na operação!
E se você jogasse fora todos os papéis que não são obrigatórios por lei, e que não ajudam a melhorar a segurança? Imagine quanto tempo à segurança do trabalho teria se descartasse 80% desse lixo que não agrega valor à segurança?
Imagine que tipo de segurança existiria nas organizações se existisse equilíbrio entre o trabalho em campo e no escritório? Imagine como as pessoas de segurança seriam muito mais felizes se realmente gastassem seu tempo com segurança?
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