O SESMT está enganado sobre a segurança do trabalho na empresa!
Calma aí meu amigo prevencionista 😬 . Sim, é verdade, o SESMT está enganado sobre a segurança do trabalho na empresa! Vou explicar o que estou querendo dizer, se desarme e se permite refletir comigo sobre isso.
O SESMT ESTÁ ENGANADO SOBRE A SEGURANÇA DO TRABALHO NA EMPRESA!
A segurança do trabalho percebida pelo SESMT está distante da segurança do trabalho percebida pelos empregados, e esse fenômeno ocorre na maioria das empresas. Isso porque poucas empresas se preocupam genuinamente em entender a “verdade através dos olhos da operação”.
Infelizmente a visão do setor de segurança do trabalho sobre o tema, acaba ficando distorcida da realidade por ele viver muito da segurança do trabalho escrita e planejada (documentos, check lists, procedimentos, DDS, laudos de segurança…) e pouco da operação já que passamos pouco tempo na operação, e quando estamos lá, por ir a muitos setores não conseguimos entender profundamente a realidade de nenhum deles.
QUAL O LADO RUIM DE NÃO CONHECER PROFUNDAMENTE A SEGURANÇA DA EMPRESA?
Quando a gente não conhece o que realmente acontece nos ambientes de trabalho ficamos limitados na possibilidade de intervir para melhorar.
A intervenção no campo de trabalho pode ter faces variadas, vindo de melhorar a limpeza e organização, colocar proteção em máquinas e equipamentos, melhorar o uso de EPIs, os comportamentos seguros, o relato de acidentes, incidentes, implementar o direito de recusa, aumentar a participação dos trabalhadores nas ações de segurança, melhorar a segurança psicológica, etc. Qualquer dessas ações tende a ser possível somente tendo uma visão realista do que ocorre na organização.
COMO ENTENDER O QUE ACONTECE NA SST REAL DA MINHA EMPRESA?
O que fazer então para diminuir a distorção, e perceber o que realmente acontece na organização? Eu diria que a melhor forma é conversar/dialogar com quem está no chão de fábrica! Existem várias possibilidades, abaixo listaremos algumas delas:
– Formulários de pesquisas com perguntas definidas a serem preenchidas anonimamente (em formulário impresso ou online): a limitação aqui vem do fato de que formulários por terem respostas do tipo “concordo plenamente, concordo em partes, discordo totalmente, discordo em partes”, acaba levando o público a respostas que tendem a não ajudar muito.
Outra limitação dos formulários é que as pessoas tendem a preenche-lo enquanto estão no trabalho, e por isso o fazem com pouco tempo disponível, e assim, acabam por pressa não se dedicando muito a responder com coração cada item perguntado lá.
– Caixas de pesquisa: algumas empresas utilizam tipo urnas que ficam colocadas em locais estratégicos e permitem aos empregados, líderes e chefes opinar abertamente sobre temas relacionados ao ambiente de trabalho ou estrutura organizacional.
A limitação do tempo citada no item acima também se aplica nesse item. Outro item de atenção é o uso do que foi preenchido. Ou seja, qual setor receberá dos dados da caixa de pesquisa? Como essas informações chegarão aos responsáveis pelas mudanças? Como as pessoas que opinaram terão feedback do que foi relatado ou sugerido?
– Reuniões individuais com pessoas chave: é uma ferramenta muito útil. O problema é que quando é alguém do setor de segurança da empresa que entrevista a pessoa, por medo, a pessoa tende a não relatar nada de grave. Na tentativa de não prejudicar os colegas ou de não se indispor com a empresa, ela tende a não entregar a verdade, ou seja, o que realmente precisamos saber.
– Pesquisa de clima e cultura de segurança utilizando grupos focais: o grupo é formado por trabalhadores, líderes e chefes de setor (chefes com chefes, operacional com operacional, terceiros com terceiros). E funciona basicamente com base no anonimato.
Nessa foto estamos trabalhando com grupos focais em um hospital, o objetivo é entender a maturidade da cultura de segurança com a partir de quem sente ela na pele, os trabalhadores!
Utilizando os 23 itens do método Hearts ando Minds (Corações e Mentes), conversas francas (encarando os “fatos brutais) em grupo, o resultado é simplesmente fantástico!
Utilizando perguntas inteligentes, uma pessoa que sabe conduzir e garantindo o anonimato dos relatos, a gente consegue chegar a segurança percebida pelo trabalhador, que é a segurança verdadeira, a que realmente ocorre nos ambientes de trabalho.
Com o grupo podemos descobrir várias coisas preocupantes e até criminosas que acontecem na operação. Proporcionamos ao SESMT local a visão de coisas que ele sequer imaginava que ocorria.
Com o grupo conseguimos entender também em quais itens a segurança está mais ou menos evoluída, e assim, conseguimos traçar um caminho para que a organização evolua para ao próximo nível, interessante, não é?
Foi muito gratificante perceber ao final de cada grupo o sentimento de gratidão das pessoas. Pessoas que puderam finalmente encontrar um lugar seguro para falar abertamente sobre os problemas e falhas que enfrentam no dia a dia da operação. É muito bom entender onde a organização está acertando e onde precisa melhorar.
O diagnóstico de cultura de segurança abre as portas para a transformação, para a evolução!
Se quiser levar essa transformação para sua empresa clique nesse link ou nos chame no nosso Instagram.
A limitação dos grupos focais está mais na condução do “organizador de ideias” do que em outros fatores. Se ele tem conhecimento para quebrar o gelo e desenvoltura para fazer as perguntas certas (e abertas), se ele consegue perceber indícios e mergulhar em assuntos que chamaram a atenção, a chance de sucesso é muito grande!
Nestor, eu adorei essa estratégia de grupos focais, ela fez muito sentido para mim, mas minha empresa jamais investiria em um consultor externo para fazer esse trabalho. Acredito que se souber vender corretamente a ideia do grupo focal e principalmente a ideia do Diagnóstico de Cultura de Segurança a chance de aceitação aumenta bastante.
Vamos supor que você tentou de todas as formas vender a ideia, mas que a organização não a comprou, o que fazer? Posso eu mesmo, que pertenço ao setor de segurança do trabalho tocar um grupo focal na minha organização? Não deve!
Uma das chaves do sucesso na realização de grupos focais é a confidencialidade. Se as pessoas não se sentirem inseguras em relatar o que ocorre na organização, passarão o tempo todo elogiando a empresa, e então menos que seja uma organização perfeita, tudo isso será uma enorme perda de tempo e energia.
Para empresas que comprovadamente não querem investir, o que pode ser feito é uma “permuta”, isso mesmo! Você pode combinar com um colega que trabalha em outra empresa, para que ele faça na sua empresa e você na dele… É claro que antes deverá estudar como funciona os grupos focais e definir quais será o escopo das perguntas.
CONCLUSÃO
O SESMT só está enganado sobre a segurança do trabalho na empresa até onde e quando dele quiser! Existem ferramentas para vencer esse estado de cegueira. A pergunta é, você quer superá-lo, ou está confortável tendo uma visão limitada (pelos itens já citados no início do artigo)?
O resultado desse esforço será algo inesquecível para você. Quando finalmente conhecemos a organização pelos olhos das equipes de trabalho mudamos a forma como vemos a própria segurança do trabalho na organização.
Só haverá evolução para o próximo nível de houver conhecimento do estado atual, pense nisso.