Ter papel é importante! Prova que temos segurança e nos protege no tribunal!
Um dos mitos mais comuns na segurança é acreditar que ter papel torna a empresa segura e as livra de problemas no tribunal.
Em um dos meus cursos recentes um aluno até falou, mas “preciso elaborar programa anualmente sim, por que isso protege a empresa“. Em muitas empreas quando a prática não é observada, quando o check list não é preenchido, cria-se um check list para tentar garantir que o outro check list será preenchido.
Papel protege a empresa em caso de processos na justiça? O que há por trás disso? REFLITA COMIGO NESSE VÍDEO E ARTIGO😃
Oi? Papel protege a empresa?
A dura verdade é que é que ter papéis ou um sistema em vigor não significa nada no tribunal, a menos que se possa demonstrar que o sistema é eficaz. Ter um sistema em funcionamento não tem sentido, a menos que se possa demonstrar que o sistema realmente “funciona”.
Ter um sistema funcional significa que o sistema deve comprovadamente alcançar o resultado esperado. Que evidência você poderia fornecer que demonstre que seus sistemas realmente funcionam?
Matrizes de risco, pirâmides de Heinrich e queijo suíço são todos descartados pela lei porque não são funcionais. Muitos dos símbolos e modelos que surgiram no gerenciamento de risco, como são comprovadamente apenas se houver investimento e atenção na implementação das medidas de controle.
Uma das razões pelas quais as pessoas se sentem confortadas pelo teatro de seu sistema e mais ainda pelo tamanho de seu sistema, é a mitologia de que os tribunais exigem “sistemas e papel” como evidência. Na maioria das vezes, no tribunal, é o seu testemunho e não os próprios sistemas que demonstram a devida diligência.
Ter um sistema implementado demonstra que se é bom em implementar sistemas, não é evidência de que as pessoas saibam como usar o sistema nem que ele “funcione”.
Nos sentimos tão confortáveis com os papéis e sistemas instalados que esse conforto é nosso maior risco. A menos que a organização possa demonstrar que funciona, no tribunal retirar sistema ou um conjunto de pastas da não significará nada.
Seria como apresentar a CNH como prova de que sou bom motorista ou um cartão de banco para demonstrar que sei algo sobre segurança em operações bancárias. Todos os bilhetes que coleto simplesmente demonstram que sou bom em coletar bilhetes ou licenças, não são evidências de boa direção ou segurança.
O Código Civil é bem claro ao dizer que “aquele que por negligencia, imperícia, etc. provocar dano a outrem, fica obrigado a reparar”. Repare que o código não diz “aquele que tiver bons papéis ou sistema estará isento de reparar…”. O foco da reparação é o objeto objetivamente definido, o dano! O tribunal está interessado em ações realizadas e não em resmas de papel.
Conheço uma organização gigante que possui programas e formulários de segurança de todo o tipo (PGR, APRs, PET, DDS, PCMSO, LTCAT, etc.), mas nenhum deles realmente funciona…
Quanto mais a organização multiplica seus papéis e sistemas, mais fácil é demonstrar que eles podem não “funcionar”.
Uma cultura que acredita que sistemas excessivos, papéis e que auditoria demonstram maturidade de segurança está fundamentalmente iludida.
A rede de supermercados australiana Woolworths fez justamente o contrário do que a maioria das empresas faz. Ela eliminou todas as regras e papéis de segurança que não estavam previstas em lei. E também investiu atenção em ações de segurança genuínas, sem papel, sem burocracia… O resultado foi incrível! Os números de acidentes caíram, o Cuidado Ativo por parte das suas equipes aumentou, a cultura de segurança amadureceu.
Quando ajudo as organizações a melhorar os sistemas produtivos e cultura de segurança, não adiciono papelada ao que elas fazem. De fato, sistemas eficazes não implicam em ações baseadas em papel.
O verdadeiro caminho para uma cultura de segurança madura é ter ações que funcionem no combate ao risco, na melhoria da cultura de segurança, e não em ter papéis para apresentar ao fiscal ou ao tribunal. A segurança do trabalho precisa abandonar a “cultura de segurança cartorial” e se apegar a gerar melhorias reais!
Apostar em algo que não nos leva a melhorar efetivamente os processos produtivos é uma enorme perda de energia e acaba levando ao descrédito a própria segurança e também leva ao descrédito os profissionais de segurança.
Programa de Comportamento Seguro
Diagnóstico de Cultura de Segurança